domingo, 10 de setembro de 2017

1967 - Uma pequena crônica


"...Essa é uma história real: Há 50 anos eu tinha 15 morava com meus pais e 3 irmãos na rua dr. Celestino centro de Niterói que estava perdendo o status de capital do estado para a cidade do Rio de Janeiro que tinha deixado de ser o Distrito Federal e virado Estado da Guanabara. Vivíamos na classe média com pão e pouca manteiga mas éramos felizes e já sabíamos disso há muito tempo tanto que ainda não nos esquecemos dos motivos que justificavam essa tal felicidade. Podíamos falar ao telefone - privilégio de poucos, o número era esse mesmo do desenho: 23954. Naquela época o telefone tinha assumido uma enorme importância para mim devido às namoradas que começavam a aparecer na minha vida que de boa ficou ótima apesar do sofrimento decorrente das paixões nem sempre correspondidas. Mas papai queria ter um carro - sonho de consumo e atestado de promoção à classe média ainda com pão e um pouquinho a mais de manteiga. Mas o preço foi alto e quem pagou a conta foi o 23954 e com isso adeus conta de telefone que a essa altura estava nas alturas devido aos telenamoros intermináveis...Volto ao automóvel - sai telefone e entra o Renault Gordini grafite 40 HP de emoção numa jogada comercial espetacular: trocar um telefone por um auto! Telefone valia muito já o Gordini tinha uma fama meio mixa ele era o leite Glória o que "desmancha sem bater" mas valeu a alegria do meu pai e claro de toda a família motorizada. Lembranças e mais lembranças, felizes lembranças. Aí peguei meu telefone e disquei para o 23954, alguém atendeu, tive medo de continuar, desliguei e olhei para o futuro...A felicidade me acenou de longe e me disse por mensagem ou e-mail não me lembro bem, só gravei o que ela me disse: você me encontrará sempre que realizar um desejo, mas desde que ele pertença ao mundo real e não esteja em desacordo com seus princípios..."

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